CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Ponte!



Dois irmãos divisavam suas fazendas por um riacho, onde viviam felizes com o que as terras e o gado produziam em abundância. Apesar de serem amigos inseparáveis, um dia discutiram rispidamente e se transformaram em inimigos mortais. Prometeram nunca mais se falar. Foi a primeira desavença de uma vida lado a lado, dividindo equipamentos e cuidando um do outro, pois eram órfãos e não tinham parentes próximos. Ninguém imaginava que dois irmãos tão ligados pudessem brigar e jurar vingança com veemência arrasadora.
Durante anos percorriam uma estrada estreita e cumprida que seguisse ao longo do rio para se encontrar, trocar informações e contar alegres causos da época em que seus pais eram vivos. Mesmo cansados pelo estafante trabalho, faziam a caminhada com prazer, pois havia amor e muita camaradagem entre eles. Depois dessa briga, que ninguém sabia a verdadeira razão, as coisas mudaram por ali, interrompendo o relacionamento entre as famílias.

Além de cortarem o belo convívio que havia entre eles, não permitiam que seus empregados conversassem também, interrompendo a troca de informações que beneficiava ambas as propriedades. Não fossem as informações repassadas pelo gerente do banco da cidade, o isolamento seria total. Numa bela manhã, o irmão mais velho ouviu um movimento estranho em frente à sede da fazenda. Da janela do segundo andar observou que havia vários homens posicionados com caixa de ferramentas em punho, de aparência ameaçadora.

Pela determinação do grupo pensou que havia armas dentro daquelas caixas e imaginou ser um ataque organizado pelo irmão desafeto. Entretanto, quando apareceu na janela foi tranqüilizado com um bom dia uníssono pelos quinze homens, como um coral sacro, desanuviando o ambiente. Resoluto, o chefe deles deu dois passos à frente, pronunciando o nome do dono da casa, disse alto e bom som: “somos construtores e estamos procurando trabalho, senhor. Construímos qualquer coisa, qualquer coisa que quiser”.

Impressionado, desceu a escada correndo e logo estava cumprimentando os trabalhadores, pegando na mão, um por um. Vamos entrar amigos, sempre há trabalho para quem está disposto a isso. Vamos entrando, vamos entrando todos, todos, por favor. Fiquem à vontade. Mandou servir um café completo para o pessoal e sentou-se à mesa também, observando melhor cada um daqueles simpáticos operários. Notou que havia profissionalismo demais para contratá-los com o objetivo de limpar valetas e retirar os entulhos do lago onde criava peixes.

Quando terminaram a refeição matinal, o fazendeiro surpreendeu a todos com seu ímpeto repentino. Sim, tenho trabalho para vocês. Estão vendo aquela fazenda além do riacho? É do meu vizinho, na verdade, meu irmão mais novo. Agora preciso construir uma linha divisória entre nós. Uma muralha que nos separe para sempre. Acontece que brigamos e não posso mais suportá-lo. Com aquelas madeiras ali e o material de construção que sobrou do galpão, quero que vocês construam um muro bem alto e resistente, porque eu não quero vê-lo nunca mais.



Acho que entendemos a situação, disseram os construtores, prontos para começar a obra, dentro do que combinaram. Mostre-nos onde estão os materiais e o local certo, que faremos um trabalho inteiramente ao seu gosto, disse o chefe. Como precisava ir à capital assinar uns papéis e visitar velhos amigos que não os via há tempo, chamou seu administrador e lhe ordenou que disponibilizasse todo o material necessário e acompanhasse o trabalho.
Auxiliados pelo pessoal da fazenda, seguindo os esquemas desenhados pelo chefe, os homens trabalharam medindo, cortando, fincando pilares, pregando e fixando aqui e ali, dentro das melhores técnicas de construção que dominavam com perfeição. Quando o fazendeiro voltou de sua viagem, uma semana depois, já quase ao anoitecer, os construtores estavam dando o toque final na pintura, jardinagem e iluminação da belíssima obra que acabaram de erguer imponente.

Quanto à qualidade e beleza da obra, o fazendeiro não tinha nada o que reclamar, realmente imponente e majestosa. Nem mesmo na capital avistara algo tão maravilhoso assim! O que o fazendeiro não entendia era o que os construtores haviam construído. Contratou-os para erguer um muro para se distanciar física e psicologicamente do irmão com o qual havia discutido seriamente. Foi para isso que havia contratado aqueles estranhos e ao mesmo tempo simpáticos homens.

Deu ordens claras para o administrador da fazenda acompanhar o trabalho, mas em vez de muro alto e intransponível, o que via diante dos seus olhos era uma bela e majestosa: PONTE! Queria separar as duas propriedades e dividir todas as pessoas que residiam ali, por isso mandou construir um muro, não uma ponte. Construtores atrevidos e irresponsáveis! É isso que vocês são. Não vou pagar nada e quero que tudo isso seja destruído imediatamente!

Esbravejando e xingando a todos, sem perceber, o fazendeiro foi andando ao longo da magnífica obra, passa a passo, maravilhado com a beleza da engenharia daqueles misteriosos construtores. Uma força estranha parecia lhe empurrar para o outro lado. Na outra extremidade alguém se dirigia para o centro da ponte também, mas como já estava escuro, pensou ser um dos operários. Parou de esbravejar, mas continuou andando, agora mais devagar.
Desconfiado, parou. O outro também parou. Apesar da palidez do escuro, confirmou suas suspeitas, era seu irmão que viu na ponte um gesto de conciliação, um surpreendente gesto de boa vontade do irmão mais velho, que, aliás, havia começado a discussão.

Reticente, o fazendeiro recuou alguns passos, mas logo parou, surpreendido pelas luzes que foram acesas simultaneamente. Continuou andando, agora mais rápido. Impulsionados por uma energia renovadora, os irmãos correram de braços abertos e se abraçaram no centro da ponte. Uma música emocionante e de origem desconhecida, fazia a trilha sonora da cena de reconciliação. Acabaram com os muros físicos e mentais que cresceram através do egoísmo, e construíram laços permanentes que vão consolidar a união das famílias e das pessoas que faziam parte das fazendas que administravam. Em vez de estrada lamacenta ou muros divisórios, os construtores restabeleceram o sentimento que havia entre eles, fortalecendo os laços familiares e unindo-os por uma energia renovadora.

Muito para pensar!

0 comentários: