
- em minha vida, sinta-me como a pessoa que sempre
quis ser.
Não, não me refiro ao meu corpo, diante do qual
... às vezes me desespero...
E, com freqüência, volto ao passado, quando
vislumbro aquele antigo vulto em meu espelho
que se assemelha à minha mãe!, mas estes
sentimentos já não me fazem sofrer mais:
são passageiros.
Nunca trocaria os meus amigos incríveis,
minha vida maravilhosa, minha família adorada,
por cabelos menos grisalhos que dou um geitinho paraesconder ou uma barriguinha menos proeminente.
Conforme envelheci, tornei-me mais amável e menos
crítica comigo mesmo. Tornei-mea minha melhor amiga.
Não me recrimino por ter saboreado aquele docinho
a mais, por não ter feito a minha cama ao acordar,
ou por ter comprado aquele enfeite tolo que não
precisava, mas que dá um toque de modernidade
ao meu apartamento.
A minha idade me permite ser excêntrica,
a manter tudo fora de ordem, posso ser
extravagante.
Testemunhei a partida precoce deste mundo de
muitos amigos queridos;e eles não puderam
vivenciar plenamente a liberdade grandiosa
implícita no envelhecer.
Caminhei pela praia com um traje de banho colado
ao meu corpo, e mergulhei no mar
despreocupadamente, ainda me sinto linda e as pessoas...
Elas também vão envelhecer.
Sei que algumas vezes me esqueço de algumas coisas.
No entanto repito: é melhor que nos esqueçamos
de alguns episódios a vida.
Algumas vezes, recordo-me de coisas importantes.
Com o passar dos anos, é claro, também sofri desilusões.
Como não sentir a perda de pessoas amadas, Mãe, Pai
ou manter-se indiferente diante do sofrimento
de uma criança, ou até mesmo quando brigamos prá valer com quem amamos, para depois fazer ás pazes e sentir um amor como nunca sentira antes ou não sabia que ele existia de tamanha intensidade...Na verdade, ter o coração ferido,
é o que nos dá força, discernimento e compaixão.
Um coração que nunca foi ferido, é duro, estéril,
nunca sentirá a alegria da imperfeição.
Conforme envelhecemos, é mais fácil sermos
otimistas. Nos preocupamos menos com o que
pensam as outras pessoas.
Não nos policiamos mais.
Temos, até mesmo, o direito de estar errados.
Gosto da pessoa na qual me tornei.
Não vou viver para sempre, mas enquanto ainda
estiver por aqui, não desperdiçarei tempo
lamentando o que poderia ter sido, nem me
preocupando com o futuro.
Amo o que sou e estou de bem com á vida!Vera Perdigão
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